Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

“Tiraram uma parte do meu corpo”, lamenta pai do adolescente afogado no Rio Jacuí

 

jovem

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Tiraram uma parte do nosso corpo. Mas estou aqui e esse é meu serviço. Se a vida é assim, às vezes com espinhos, precisamos enfrentar _ disse o coveiro Ildemar Carvalho, minutos depois de preparar a cova para sepultar o próprio filho.

E foi assim, pela mãos do pai, de tios e vizinhos, que o corpo de Rafael Carvalho, 15 anos,morto por afogamento durante uma cerimônia de batismo no Rio Jacuí na última sexta-feira, foi sepultado. O enterro ocorreu por volta das 8h30min desta quarta-feira, no Cemitério de Vila Rosa, interior de Restinga Seca. No local, que fica a cerca de 100 metros da casa onde o adolescente sempre morou, foram prestadas as últimas homenagens.

Para o agricultor Luiz Alexandre Ehle, 23 anos, responsável por encontrar o corpo de Rafael, um alívio:
_ Pelo menos ele não vai ficar perdido aí. Agora só quero que ele descanse e fique em paz_ disse o jovem, sem conter as lágrimas. Amigo da família Carvalho, Ehle estava em um barco particular e acompanhou as buscas desde o primeiro dia.

Rafael foi velado desde às 20h de terça-feira, no Salão União das Comunidades Cristãs de Vila Rosa. Na manhã de quarta, amigos da Escola Sete de Setembro, onde o menino estudava, levaram ao velório flores e cartazes com mensagens de carinho. Sobre o caixão, as bandeiras da escola e do Sport Clube Internacional. Nesta quarta, as aulas foram suspensas na Sete de Setembro.

Uma celebração religiosa foi conduzida pelo ministro da igreja católica, Eldiro Ceolin. Entre orações e palavras de consolo, um desabafo:
_ Nós respeitamos todos os rituais, mas condenamos a imprudência e o oportunismo em nome da igreja. Agora, cabe à justiça julgar _ disse o ministro.

Família de adolescente não permitiu a presença da igreja evangélica

Nenhum representante da igreja evangélica esteve no velório ou no enterro. Segundo o pai do adolescente, essa foi uma decisão da família:
_ Ontem (terça-feira) à noite me ligaram da igreja para pedir se poderiam vir ao enterro. Eu falei que não. Também se ofereceram para pagar, mas respondi que nesta vida nem tudo é pago com dinheiro e não aceitei.

A mãe de Rafael, a dona de casa Zenilda Passos Carvalho, só espera por justiça:
_ Eu só queria que aquele missionário fosse preso, que estivesse lá para ver o estado que tiraram meu filho da água e soubesse o sofrimento que passamos esses dias na beira daquele rio.

Rafael deixa o pai, a mãe, a irmã Andreza, que estava junto no momento do batismo, e uma avó. O adolescente estava no nono ano do ensino fundamental. Gostava de rock, futebol e videogame, e estava aprendendo a tocar violão.

A Polícia Civil de Restinga Seca investiga o caso e, nos próximos dias, deve ouvir a mãe e demais testemunhas.