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EMPREGO COM CARTEIRA CAI NA CAPITAL E CRESCE NO INTERIOR

CARTEIRA

 

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgados ontem (25) sinalizam o aprofundamento da deterioração do mercado de trabalho do ABC em abril, devido à crise econômica.

No âmbito do Caged, os dados mostram o fechamento de 2.154 vagas com carteira assinada em abril na região. Foi o 17º mês consecutivo de queda na ocupação formal.

No primeiro quadrimestre, as empresas do ABC eliminaram 12.415 postos celetistas, pior resultado desde os 15.054 empregos ex­tintos no mesmo período de 2009, ano que se seguiu ao da quebra do banco americano Lehman Brothers. Nos últimos 12 meses, o saldo é negativo em 46.776 vagas fechadas, ou 128 por dia.

No âmbito da PED, a taxa de desemprego manteve-se pra­ticamente estável no ABC, ao variar de 16,7% em março para 16,6% em abril, pior resul­tado para o mês desde 2005.

Porém, a interrupção na sequência de quatro meses seguidos de alta na taxa só foi possível porque cresceu consideravelmente o número de trabalhadores autônomos.

Segundo a PED, 18 mil pessoas buscaram essa forma de inserção no ABC em abril, trabalhando para o público – boa parte no mercado informal, sem registro na prefeitura nem emissão de nota fiscal.

“É o sujeito que perdeu o emprego e resolveu se virar de alguma forma, trabalhando por conta”, explicou Cesar Andaku, economista do Departamento In­tersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Di­e­ese), que realiza a PED em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

Com base no aumento da ocupação (criação de 23 mil va­gas em abril) observado pela PED nos serviços, Andaku acredita que esse contingente pode ter feito “bicos” em atividades como reparações domésticas e comércio ambulante de alimentos – que, segundo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é considerado um serviço.

“Trata-se de um movimento típico de épocas de crise, quando o desempregado aceita qualquer trabalho, mesmo que eventual, para ganhar alguma renda”, disse Andaku.

A PED mostrou ainda o ingresso de 26 mil pessoas na força de trabalho em abril – gente que estava inativa, mas voltou a procurar emprego, conseguindo encontrá-lo ou não. Andaku disse que o movimento pode estar relacionado à redução da renda familiar, o que empurra a chamada “mão de obra se­cundária” (cônjuge e filhos) pa­ra o mercado de trabalho.

Diferenças

Embora Caged e PED tenham sinalizado a piora no mercado de trabalho do ABC, há diferenças de metodologia, o que explica eventuais dis­crepâncias nos resultados.

Enquanto os dados da PED são obtidos por meio de pesquisa domiciliar, o Caged é um registro informado mensalmente pelas empresas que mensura apenas os empregos com carteira. Outra diferença é que a PED investiga a ocupação entre moradores do ABC, sem se importar com o local onde trabalham. No Caged ocorre o inverso: as empresas informam as movimentações, sem se importar se os trabalhadores residem ou não na região.

 

Indústria demite 53,5 mil desde 2012 e derruba massa de rendimentos da região

A combinação perversa de deterioração do mercado de trabalho, inflação alta e achatamento dos salários segue reduzindo o volume de recursos disponíveis para consumo no ABC.

A massa de rendimentos dos ocupados, indicador que reflete a renda originária do trabalho, despencou 23,1% na re­gião em março na comparação com igual mês de 2015, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgados ontem (25).

“Quanto menor a massa de rendimentos, menor é o poder de compra da população, o quanto você consegue mobilizar de recursos para o consumo”, disse o economista Cesar Andaku, do Dieese. “Em um momento de crise como o atual, a queda nesse indicador torna ainda mais difícil a retomada da atividade econômica”, prosseguiu.

Entre março e o mesmo mês de 2015 houve queda de 16,3% no rendimento médio real dos ocupados, para R$ 1.998, e de 15% no dos assalariados, pa­ra R$ 2.086. Com isso, o trabalhador da região recebeu o equivalente a 90,4% da remuneração obtida na média de 2011.

Também entre março e o mesmo mês do ano passado, o nível de ocupação nos sete municípios recuou 8,4%.

Peso da indústria

A situação é mais dramática na região devido ao maior peso da indústria no estoque de vagas. Como o setor paga os maiores salários, eventual queda na ocupação fabril tem maior impacto sobre a massa de rendimentos.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a indústria fechou 1.232 vagas no ABC em abril, resultado que eleva para 5,4 mil o número de empregos extintos no setor este ano e para 53,5 mil o total de postos de trabalhos fabris eliminados desde janeiro de 2012.

Para Andaku, não há novos sinais na economia que permitam vislumbrar reversão no mercado de trabalho nos próximos meses. “Na in­dústria, por exemplo, há capacidade ociosa suficiente para atender eventual elevação na demanda com aumento da jornada ou horas extras”, afirmou.