
Segundo a polícia, a denúncia das práticas partiu de pais de alunos, que têm em média 4 anos. Desde o início do ano letivo, em fevereiro, eles notaram mudanças nos comportamentos dos filhos. “Ele ficava só dentro de casa assistindo televisão, agressivo”, conta uma mãe, que não quis ser identificada.
No mês passado, os pais foram chamados pela diretora da instituição para uma reunião. Eles tiveram acesso ao conteúdo de mensagens de celular trocadas em um grupo formado por professores e funcionários da creche. Na conversa, a professora relata ameaças aos alunos, que tem em média quatro anos de idade.
“Eu disse que ia colocar m… de galinha. Como não tinha, disse que ia amarrar as mãos dele e depois coloquei na boca. Logo tirei, só pra dar um sustinho”, diz a mulher em uma das conversas.

Em outro trecho, uma colega pergunta: “Qual cola você usou? Tô precisando”. “Fita crepe”, responde a suspeita.
Ainda na conversa, a prática foi confirmada por uma assistente. “Verdade. Ela colocou fita crepe no ‘louco’. Apavorou o ‘piá'”, escreveu.
Segundo a investigação, a servidora forçava as crianças a comer. A mãe de um menino, sem se identificarm, disse que ele contou para ela que foi forçado a ingerir o próprio vômito. “Ele não queria me contar. Ele só me contou porque eu fiz uma brincadeira com ele e eu disse: ‘O que aconteceu depois que tu vomitou no prato?’ Ele disse: ‘A ‘profe’ fez eu comer’. Então, para um pai ouvir que a ‘profe’ fez o filho comer o vômito é muito chocante”, relata, emocionada.
Suspeita deve ser indiciada
A direção da creche e um grupo de pais registraram ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente da cidade gaúcha. A polícia ouviu, com a ajuda de um psicólogo, o depoimento de oito crianças. Segundo o delegado, elas demonstraram medo só em ouvir o nome da professora.
Os relatos dos alunos teriam confirmado o uso de fita crepe e também os casos de vômitos. “Até o momento, pelo conteúdo das provas, o indiciamento, ao que nos parece, vai ser a decisão final no inquérito policial”, sustenta o delegado Anderson Silveira da Silva.
‘Humanos erram’, diz secretária
A professora deve ser ouvida nesta quarta-feira (4). A Secretaria da Educação de Vacaria, Luzmari de Camargo, disse ter aberto uma sindicância interna para apurar os fatos. Durante a investigação, a servidora fica afastada das atividades.
“Os seres humanos erram, e se é verdadeiro, através dessa investigação que está sendo feita, o município vai tomar as atitudes dentro da lei”, garante Luzmari.